Todos pela Vida!

Em caráter de respeito e de solidariedade a todos nós que sofremos pela catástrofe causada pelas chuvas em Santa Catarina. Reservo-me no direito de abrir um espaço neste blog para tentar passar o quanto nossos irmãos estão sofrendo.
Segue abaixo, um relato da realidade enfrentada por um grande amigo que fiz, através da bola oval...


À todos,

"Trabalhei este final de semana na central da solidariedade de Joinville, onde os donativos graças a Deus e a boa vontade dos homens, chegam constantemente em caminhões, carros de passeio e caminhonetes. No sábado fizemos a doação do que familiares, amigos, colegas de trabalho de nossa equipe (Joinville Gladiators) arrecadaram, tudo entregue na central. Isso incluia comida, muita roupa, material de higiene pessoal e limpeza geral. Tudo falta, as coisas chegam e acabam muito rápido, pois da central de Joinville vão doações para todos os locais do estado afetados pela cheia.

Ricos, menos ricos, pobres e até alguns que já foram ajudados pela solidariedade e estão em melhor situação, trabalham sem distinção social na central e nas doações. Deixei de ir a uma festa de aniversário de um primo, reunião de família agendada a muito tempo, para trabalhar um pouco em prol dos muitos que necessitam. Me senti muito, mas muito bem mesmo fazendo isso!

Depois de entregar os donativos, verificar os itens que mais faltavam para fechar as cestas básicas que estavam sendo montadas e doadas para todo estado e nos prontificarmos a comprá-los ao menos em parte, saímos para em conjunto buscarmos donativos para o bairro Jativoca, senão o mais, um dos mais atingidos pelas cheias. Aí comecei a ficar triste novamente pelo sentimento de impotência que nos toma conta vendo a cena de várias famílias necessitando e você limitado, não podendo auxiliar a todas.

O pai de três filhos que moram no Jativoca pediu auxílio a mãe de um colega de time nosso que trabalha em ações sociais diversas, pois seus as casas dos seus três filhos perderam tudo. Donativos colocados nas caminhonetes e carros, seguimos para o bairro e quanto mais adentrávamos, mais tristes e desolados ficávamos. Chegamos as casas, em uma rua sem saída que dá de costas para um matagal, e nestas ruas, as últimas casas ainda tinham água (neste sábado galera), e só conseguimos chegar com a picape em parte da água e posteriormente fizemos o transbordo dos donativos em um barco de madeira (chamado aqui de bateira), que os moradores utilizavam para chegar e sair do que sobrou de suas casas.

As casas ficaram com 2 metros de água dentro delas, tudo se perdeu, sem chance de recuperação, e o lixo na rua da armários, móveis em geral, colchões, geladeiras, fogões, tudo perdido, tomava conta da faixada da frente de cada casa! Muitos vieram nos pedir auxílio, perguntar se tínhamos um lençol seco ou algo parecido, as casas em que a água saiu do terreno mais no começo das ruas com multirões para limpeza (graças a Deus a água não faltou para tanto).

Realmente triste pessoal, e pensar que Joinville, das cidades afetadas, foi uma das que menos se perderam vidas, menos se perderam casas! Não quero nem imaginar a vida de quem perdeu tudo, casa, familiares, amigos, colegas, vidas! Se a vida de quem perdeu seus bens materias, se o clamor por compaixão e ajuda dos que sofreram perdas apenas materias de seus bens de dentro de casa, que ainda tem um teto sob a cabeça, é algo que particularmente me incomoda a cada vez que lembro do que vi, das pessoas vindo nos chamar como se pudéssemos resolver todos seus problemas, sanar todas suas perdas, aliviar seu sofrimento!

Isso sem falar nas crianças, que no meio do desespero geral pouco entendem das perdas, a não ser as suas, de roupas, brinquedos, sonhos! Meu sogro e dois cunhados foram no domingo trabalhar, e em Joinville todos estão se doando um pouco para amenizar o sofrimento da maneira que podem. Nossas esposas, mães, sogras, trabalham no sentido de conseguir as doações. Nos mercados se veêm pessoas comprando cestas básicas, comidas prontas (uma das maiores necessidades de momento, pois não há como as famílias prepararem os alimentos na maioria dos casos). Carreatas e mais carreatas atravessam a cidade, de empresas, de instituições, de grupo de amigos, para arrecadar donativos e levar para a central ou diretamente para os que necessitam.

Do país todo vemos donativos e movimentos sendo realizados em prol dos desabrigados. Os dados do Adler estão atualíssimos. Faltou dizer que os afetados pelas cheias ultrapassa 1,5 milhões de pessoas. Isso não significa dizer que estão desabrigados ou perderam suas casa, mas as empresas perderam seus estoques, seu maquinário, o porto de Itajaí, o maior em movimento, foi totalmente distruido e está sem operar (deve demorar no mínimo 6 meses para se pensar em voltar a trabalhar), o gado nos pastos morreu, as plantações foram distruidas, as terras perderam a condição de plantio ou reutilização em alguns casos, ou seja, conseqüências muito grandes que atingem muitas pessoas. Eu sou um que tive meu trabalho prejudicado com estas cheias, mas nem perto de reclamar de algo, a não ser auxiliar os meus clientes a fazerem o melhor possível, no ramo de transporte.

Clamo aos amigos que se julgarem conveniente, repassem este relato de alguém que virtualmente ou pessoalmente vocês conhecem, que viu e sentiu o tamanho da destruição, das perdas, da solidariedade do povo e do espírito de luta dos que foram atingidos para reconstruirem suas vidas, e indiquem que ou depositem na conta repassada pelo Adler, ou doem o que puderem para a defesa civil de sua cidade encaminhar para a defesa civil de Santa Catarina.

Um pequeno gesto isolado é somente um pequeno gesto. Pequenos gestos reunidos tornam-se grandes ações! Colaborem, ao menos encaminhando estes e-mails para seus contatos. Vamos mobilizar pessoas para salvar e recuperar vidas! Tenham a mais absoluta certeza que ao relatar isso a vocês, mesmo em meu trabalho, me emociono a ponto de querer chorar! Quem assiste as reportagens que a televisão realiza, tem noção do que falo".

Fernando Boing
Joinville/SC

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