Um dos responsáveis pela introdução do esporte no estado de Mato Grosso, Orlando Ferreira Júnior, além de ser o QB da equipe, ainda acumula a função de HC principal do Cuiabá Arsenal.
Sideline: Qual é o teu estilo de comandar o Cuiabá Arsenal?
Orlando: O Cuiabá Arsenal é um time amador e a motivação dos jogadores é diferente de um time profissional. Os jogadores querem fazer parte de alguma coisa grande, querem deixar uma marca, querem fazer a diferença. Meu papel é de facilitador. Eu preciso mostrar aos jogadores o que eles devem fazer para melhorar e motivá-los a querer fazer isso.
Sideline: Linha dura? motivador? paizão?...Você criou a família dentro do grupo?
Orlando: Definitivamente não sou "linha dura". A única regra que temos dentro da equipe é que qualquer jogador que se envolver em uma briga estará automaticamente excluído do time, independente de ter sido provocado, de ter razão ou não. O Futebol Americano é um esporte que exige muito do sentido coletivo. Por isso é importante que os jogadores se conheçam e gostem uns dos outros. No Arsenal desenvolvemos muitas atividades extra-campo que permite aos jogadores se relacionarem em outros ambientes. Hoje vários dos meus amigos são relacionados ao Arsenal e isso acontece com grande parte dos jogadores. Tudo isso ajuda na motivação: o jogador que está em campo sabe que o cara ao lado dele vai fazer por ele. Quanto ao conceito de "família", eu prefiro o conceito de "interdependência" - cada jogador sabe do seu objetivo, do objetivo da equipe, e ele sabe que para alcançá-lo ele precisa, ele depende, dos demais jogadores. Ainda que exista alguém que não se relacione bem com algum jogador, ele sabe que depende dele para fazer bem o seu papel. Esse é o sentimento que procuro trabalhar no Arsenal. O ambiente de amizade ou mesmo de "família" é consequência disso, não objetivo.
Sideline: Mais coletivos ou mais treinos táticos?
Orlando: Treinamos quatro dias por semana e nossa agenda de jogos é uma das menores do país, por questões logísticas. Por isso o "ataque x defesa" é importante para que o jogador entenda o que realmente deve fazer na hora da partida e também faça alguma coisa que goste. Os treinos táticos são importantes e também fazem parte da nossa rotina. Basicamente entendo que o treinamento não pode ser chato - o jogador tem que gostar de estar no treino. Se for chato, ele vai trocar o treino por algo mais interessante e o time perde com isso.
Sideline: Disciplinador? saiu dos eixos, perde a vaga?
Orlando: Exigimos o máximo da capacidade física de cada atleta. Acredito no esporte como uma importante atividade de integração na vida social do indivíduo. Por isso não acredito em "expulsões" ou "punições". A vaga no time titular é resultado de uma série de variáveis, como frequência aos treinos, desempenho nos treinos, histórico com a equipe, desempenho nas partidas que já participou, dentre outras. A capacidade física é trabalha individualmente por cada jogador e eles sabem a diferença que isso faz na sua performance em campo.
Sideline: Em rápidas palavras, como você enxerga os times que disputam a divisão Oeste?
Orlando: O Tubarões do Cerrado é uma equipe muito bem organizada e com um padrão de jogo consistente e muito forte, fisicamente. É uma defesa difícil de ser superada, que conta com jogadores experientes, inclusive com jogadores americanos, e que cede poucos pontos. O ataque corrido é forte, com uma bela linha de bloqueadores. E o jogo aéreo também é eficiente e a equipe conta com um dos melhores QBs do país. É um time muito difícil de ser batido.
O Cuiabá Arsenal têm a seu favor uma das melhores defesas do país. No ataque somos basicamente um time de corrida, usando a força do Tiagão. Para ir mais longe no Torneio Touchdown precisaremos melhorar o nosso jogo aéreo e os times especiais.